Quando acordei esta manhã, estava a sonhar que estava numa festa de rua qualquer com o meu marido (um tipo alto e magro, de cabelo escuro, que não conheço). Subíamos uma rua lado a lado, não zangados, nem aborrecidos mas muito frágeis ambos pois ele tinha confessado que o nosso casamento estava em dificuldades. Assim como um bom tecido de linho que já foi forte e resistente e cuja trama agora, do uso no dia-a-dia, está desgastada e por isso mais frágil e sujeito a se esgaçar. Eu estava numa aflição porque sentia na pele que num instante podiamos chegar a esse momento e assustada pensava no que fazermos para deter o processo.
E de repente ele começa a não ter fôlego nem forças para continuar a andar e começa a cair. Abracei-o mas não tive forças para impedir a queda, mas suavizei-a - tudo em câmara lenta a acontecer - e ficámos estendidos no passeio, eu debaixo dele, e ele com dificuldade em respirar. Acto seguido estamos no hospital e ele tem que ser operado ao coração pois duas paredes internas estavam desgastadas e de tão finas, podiam desfazer-se a qualquer momento.
Que fragilidade a da vida, a das relações, que impotência e susto.
Neste estado de ânimo me levantei e me encontro ainda. A tónica está na vida que, sem conscientemente darmos por isso e pelas consequências, nos faz ter atitudes que desgastam todos os envolvidos.
E só me lembro de não querer deixar de o abraçar porque me queria "fundir" com ele tal a necessidade de o ter, de não o perder.
E aqui estou, no trabalho, a tentar reverter o estado de ánimo que está a milhões de anos luz da minha realidade presente. Sinto que estou numa vida paralela pois a vida da A. do sonho não é a minha, mas estou imersa nas emoções do sonho e condicionam-me totalmente
O começo é a exorcização da coisa através da escrita